Como é a relação do brasileiro com dinheiro? Nova pesquisa explica esse comportamento. - Inventiva Curitiba

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No Brasil, dinheiro ainda é um tabu. O tema é pouco discutido em família e só agora a disciplina Educação Financeira foi colocada no currículo do Novo Ensino Médio.

O Google, em parceria com a Liga Pesquisa e a Provokers, realizou a pesquisa “A relação do brasileiro com dinheiro”, que analisa de maneira abrangente como ganhamos, gastamos e investimos nosso dinheiro, entrevistando mais de 1500 pessoas, maiores de 18 anos, bancarizadas ou não, em todo o país.

O que a pesquisa mostrou é que alguns fatores explicam a dificuldade do brasileiro para lidar com dinheiro. Para começar, tem o fato de fazermos parte de uma sociedade bastante desigual, o que interfere na perspectiva de mobilidade social e faz com que, quando se tem um dinheiro extra, se tenha preferência por consumir a poupar. Ou seja, quando se trata de dinheiro, o brasileiro costuma pensar mais no curto prazo do que no planejamento de longo prazo.

Além disso, na nossa sociedade é mais comum fazermos uma associação direta entre dinheiro e trabalho – isto é, o trabalho como sendo a única fonte de riqueza –, o que também limita a crença de que o dinheiro pode vir de outros lugares, como investimentos, por exemplo. E, por fim, este assunto é um tabu porque falta educação financeira e sobra medo de perder dinheiro, o que acaba por não provocar nenhuma discussão sobre o tema.

A pesquisa chegou a 6 perfis que marcam a relação do brasileiro com o dinheiro:

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1. OS BATALHADORES: dinheiro é para ganhar

  • Representam 26,3% dos brasileiros.
  • Vêem o dinheiro como uma forma de sobrevivência e para pagar contas, não como um caminho para a felicidade.
  • Geralmente, acreditam que o dinheiro corrompe as pessoas e o consideram algo ruim.
  • Se precisam ganhar mais dinheiro, preferem iniciar um negócio a investir ou poupar.
  • Predominam os autônomos, com renda mais baixa, que moram nas regiões Nordeste e Sudeste e são menos escolarizados.
  • 46% deles dizem que dinheiro é um assunto proibido.
  • Gastar é sinônimo de tristeza e poupar, de empoderamento.
  • É o grupo menos “bancarizado”.

2. OS ENDIVIDADOS: dinheiro é para pagar

  • Representam 26,3% dos brasileiros.
  • Estão sempre correndo atrás para a conta fechar.
  • Seus gastos consomem tudo o que ganham, por isso acabam usando o cartão de crédito para esticar o orçamento e conseguir pagar as contas.
  • 57% deles consideram dinheiro uma coisa complicada.
  • Por estarem sempre no vermelho, o grupo dos endividados sente muito medo e ansiedade quando precisa investir.
  • Grupo composto sobretudo por pessoas casadas que têm um emprego formal e uma renda mais baixa.
  • Moram nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e são menos escolarizados.

3. OS CÉTICOS: dinheiro é para evitar

  • Representam 21,2% dos brasileiros.
  • Acham que o dinheiro torna as pessoas reféns, por isso preferem manter distância.
  • Pensam que nunca conseguirão enriquecer ou ter dinheiro suficiente.
  • Parte considerável deste grupo é formada por pessoas casadas, com emprego formal e têm uma renda média.
  • São menos escolarizados e têm maior predominância entre os moradores da região Sul.
  • 70% dos céticos acham que dinheiro é um assunto difícil.
  • Seus sentimentos em relação ao dinheiro são negativos.
  • Gastar é uma tristeza, poupar é uma surpresa e investir traz medo e ansiedade.
  • Para eles, investir é economizar, ou seja, devem pagar o mínimo possível pelas coisas que desejam.
  • O grupo dos céticos é o que menos faz PIX. O cartão de crédito só é usado em compras grandes, como bens duráveis, viagens e compras online.

4. OS MATERIALISTAS: dinheiro é para gastar

  • Representam 15,2% dos brasileiros.
  • Têm uma relação imediata com dinheiro: querem usufruir de tudo que ele pode oferecer.
  • Para eles, dinheiro traz felicidade e status.
  • Não se importam de pagar um pouco mais caro para ter aquilo que desejam, pois pensam que o que é bom é caro.
  • Este perfil é composto sobretudo por pessoas solteiras que têm uma renda média, moram nas regiões Nordeste e Sudeste e são menos escolarizadas.
  • Esse grupo é o que menos enxerga o dinheiro como um caminho para as coisas — para eles, dinheiro é o objetivo final.
  • 90% dos materialistas dizem que dinheiro traz felicidade.
  • Gastar é uma alegria e ele prefere consumir com o dinheiro que sobra no fim do mês. Investir, por sua vez, é um empoderamento.
  • Os materialistas são pessoas que estão em fase de experimentação, especialmente em renda fixa, previdência e tesouro direto.

5. OS PLANEJADORES: dinheiro é para multiplicar

  • Representam 6,1% dos brasileiros.
  • Têm o hábito de poupar todo mês.
  • São pessoas que gostam de deixar o dinheiro investido para que ele trabalhe para elas.
  • O planejador está sempre em busca de conhecimento, conteúdos e cursos de educação financeira e, por isso, se torna referência na família quando o assunto é cuidar do dinheiro.
  • O perfil aqui é de pessoas casadas que têm uma renda alta, estão predominantemente nas regiões Sul e Sudeste e são mais escolarizadas.
  • 95% dos planejadores acham que dinheiro é um assunto prazeroso.
  • Para o planejador, gastar é tranquilo, poupar é empoderamento, e investir provoca entusiasmo e confiança — apenas sentimentos positivos porque, para este perfil, a relação com dinheiro está sob controle.
  • As pessoas deste grupo são aquelas que mais possuem produtos financeiros, que vão da poupança e títulos públicos a ações e criptomoedas.
  • 100% têm dinheiro investido.

6. OS POUPADORES: dinheiro é para guardar

  • Representam 5,1% dos brasileiros.
  • Guardam dinheiro mensalmente e gostam de conteúdos de educação financeira.
  • A diferença está no menor apetite para o risco: uma vez que preferem a poupança, estão sempre em busca de descontos em compras e adoram pechinchar.
  • Predominam neste grupo as pessoas solteiras que têm uma renda média e são mais escolarizadas. É o perfil que mais conta com donas de casa — 12% do total têm essa ocupação.
  • 60% acreditam que dinheiro é o caminho.
  • Formam o grupo mais jovem de todos, que têm menor apetite para o risco e maior preocupação em guardar.
  • Gastar é motivo de nervosismo, poupar gera entusiasmo e investir provoca empoderamento.
  • Para o poupador, investir é planejar um futuro, realizar sonhos e conquistar coisas.

CONCLUSÃO:

  • A pesquisa mostra que quanto mais positiva é a relação com o dinheiro, maior a capacidade das pessoas de sonhar e criar planos de vida. A realidade, é claro, bate à porta quando falamos de planos imediatos, mas o futuro pode trazer novas oportunidades.
  • Outra conclusão é sobre sonhos ligados à liberdade financeira – como trabalhar menos ou ter uma segunda casa para lazer –, eles estão praticamente restritos a dois perfis: planejadores e poupadores, que têm uma relação mais positiva com o dinheiro.
  • Conhecendo melhor os perfis da sociedade em relação a esse tema, podemos dialogar de forma mais eficiente com eles, entendendo seus receios e mostrando as possibilidades que existem dentro do universo de cada um.

Texto baseado em matéria de Mônica Carvalho, Tendências de Consumo, Think with Google, Fevereiro/2022

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